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segunda-feira, 15 de junho de 2009

A participação das mulheres na ciência brasileira

Estava eu à toa lendo blogs alheios, e me deparei com um post do All of My Faults Are Stress Related, do ScienceBlogs, que trata sobre as mulheres na geociência. Achei bem inspirador, e me fez pensar qual seria o papel das mulheres no desenvolvimento da ciência brazuca. O sucesso das mulheres nas carreiras técnico-científicas (em especial nas ditas ciências “duras” – ou desumanas, como diria um amigo meu das humanas, hehehe) ainda é carregado de tabu aqui também – ou não é verdade que ainda circula aquela piadinha cretina de que, antes de nascer, a mulher escolhe se vai ser bonita ou engenheira/ médica/ matemática/ química (.................. preencha à vossa escolha)?

Toda mulher que segue a carreira científica acaba se deparando com algumas dificuldades práticas, como o abandono temporário do trabalho devido à maternidade, a difícil decisão de sair ou não do país para estágio científico sem os filhos/marido, a estafa pelo acúmulo de tarefas (trabalho + lar + filhos – sim, muitas mulheres ainda hoje acabam assumindo tudo isso praticamente sozinhas), a impossibilidade de assumir cargos políticos e de docência em outras cidades por causa da família, etc etc. Questões desse tipo são motivo justificado de angústia e, muitas vezes, até de desistência da carreira científica, o que é muito triste e uma grande perda para o país. Isso sem contar que ainda passa por certas cabeças antiquadas (masculinas e femininas!) o velho estereótipo de que mulher inteligente que se preze é aquela que não cuida da própria aparência (como se fossem coisas incompatíveis).

O senso comum sempre me disse que as mulheres enfrentam mais obstáculos para seguir a carreira acadêmica até o fim (entenda-se pesquisador sênior); mas como achismos não servem pra muita coisa, fui atrás de alguns números. Para ter uma medida aproximada do grau de discrepância entre a participação masculina e feminina na ciência brasileira, consultei as estatísticas do CNPq.

Em 2008, o número de bolsas-ano no país na área das ciências exatas e da terra foi igual a 3217 para mulheres e 5744 para homens. Na área de engenharia e computação, foi igual a 3219 para elas e 7428 para eles. A situação se inverte na área da saúde, com 3997 para elas e 2019 para eles, e na área biológica, com 6043 para elas e 3944 para eles [aqui].

Do total de bolsas de doutorado no país concedidas em 2001, 49 % foram para mulheres. Essa proporção não se alterou muito em 2008, com 51 % para elas. Isso pode dar a idéia de que a ciência brasileira é igualitária quanto ao gênero, porém o número de bolsas de produtividade em pesquisa (que são concedidas a pesquisadores com produção científica destacada) aponta uma discrepância considerável: em 2001, apenas 32 % foram concedidas a mulheres, sendo que esse número subiu para 34 % em 2008. [aqui]. Se considerarmos os números de 2008 referentes aos níveis que categorizam a bolsa de produtividade [aqui], vemos que de cada 10 bolsas do nível 2 (o mais baixo), 4 foram para mulheres; e de cada 10 bolsas do nível 1A (o mais alto), apenas 2 foram para elas. Ou seja, embora as primeiras etapas da carreira acadêmica sejam equilibradas quanto ao número de homens e mulheres, ainda é mais complicado para as mulheres galgar os seus degraus mais altos.

Talvez políticas afirmativas sejam um paliativo importante... talvez as próprias mulheres precisem repensar seu papel no mundo científico e acreditar que podem. Porém, mesmo com a discrepância que há hoje, acho que estamos progredindo. Como diria Adélia Prado, “mulher é desdobrável”. Sou muito otimista com relação ao crescente papel da mulher na ciência brasileira nos próximos anos.

Encerro esse post citando a Profa. Dra. Eva Blay:

“- Abrir espaço para as jovens, mostrando que elas podem fazer parte do campo científico, é uma tarefa de todos nós”.

Homens e mulheres, estamos todos convidados a fazer parte dessa mudança.

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2 comentários:

João disse...

Ola,

A sociedade ainda esta a ajustar-se. Mas a mulher vai encontrar a sua posição no mundo cientifico tal como noutras areas. Ja esta quase.

Parabens pelo blog, vejo que começou ha pouco tempo, mas começou muito bem.

Fernanda Poletto disse...

Oi, Joao

As mulheres ainda enfrentam mais dificuldades hoje, mas também acho que as coisas tendem a um ajuste, a um equilíbrio. Estamos no caminho...

Obrigada pela visita, seu blog também é muito bom!

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