Obrigada, leitor, por acompanhar-me até aqui. Aguardarei você lá no SBBr com ansiedade!
Ah! Novos comentários não serão mais aceitos nas postagens aqui no Blogger. Ficarei feliz em publicá-los no novo endereço.
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Intrigado com o título do post?
Antes que elucubrações filosóficas surjam na sua mente, esclareço que a desunião à qual me refiro é de células. Células? Sim, das células que recobrem a parede dos vasos sanguíneos. O conjunto dessas células é chamado de endotélio (update 10/11/09: termo gentil e devidamente corrigido pelo Gabriel). Em tecidos sadios, essas células são bem próximas umas das outras. Apenas pequenas moléculas podem atravessar os espaços entre elas, passando do sangue para os tecidos vizinhos. No entanto, em regiões inflamadas ou mesmo em regiões atacadas por tumores, essas células estão menos unidas entre si que aquelas de regiões sadias.
Pense comigo: se as nanopartículas passam apenas pela parede dos vasos nas regiões com tumor, a consequência é um acúmulo das nanopartículas no tecido tumoral vizinho ao vaso sanguíneo, certo? O pessoal da área de nanobiotecnologia chama essa estratégia de vetorização de efeito EPR (sigla em inglês que significa permeabilidade e retenção aumentados). A ilustração acima mostra como ocorre acúmulo de nanopartículas em regiões tumorais devido ao efeito EPR.
Imagem de uma cúpula geodésica (fonte aqui)
Richard Smalley e um modelo da buckybola (origem da foto aqui)
Glossário:
Iridescência: fenômeno que faz certas superficies refletirem as cores do arco-íris. Essa propriedade não é exclusividade das asas das borboletas - pode ser vista também nos besouros, cigarras, bolhas de sabão, caudas de pavão, escamas de peixe, entre outros.
UPDATE 19/10/2009: Começa hoje a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, uma iniciativa do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) do Brasil. Se você clicar aqui, terá acesso à programação e poderá reparar que a imagem escolhida para ilustrar o evento é a maturação de uma lagarta em borboleta azul. Espero que, depois de ler esse post, você possa "enxergar" ali um símbolo que transcende a ideia de transformação. Afinal, depois de saber que as asas das borboletas são dotadas de cristais fotônicos, elas bem que poderiam ser consideradas símbolo de tecnologia altamente refinada, você não acha?
Mas então...de repente... o carro começa a... cicatrizar! Você pisca e o arranhão não está mais lá e é como se nada nunca tivesse acontecido. Humm, mais uma história do seriado The Twilight Zone? (também poderia ser um episódio de Fringe, para os leitores mais novinhos).
Para pesquisadores do Fraunhofer Institute for Manufacturing Engineering and Automation IPA e da Duisburg-Essen University (Alemanha), essa ideia está mais próxima da realidade que da ficção. A indústria automobilística usa uma técnica chamada eletrodeposição para revestir a superfície dos carros - geralmente com cromo - para aumentar a resistência das partes metálicas à corrosão. Os pesquisadores alemães incorporaram nanopartículas nesse filme de revestimento dos carros. Ao sofrer danos - um arranhão na pintura, por exemplo -, as nanopartículas desse filme na região do dano seriam quebradas e liberariam um fluido capaz de reparar o estrago. O fluido preenche o risco e é como se nada nunca tivesse acontecido.
Mas porque eu mencionei que a ideia está mais próxima da realidade que da ficção? Porque esse estudo ainda está em andamento, e foram feitos testes com recobrimento de apenas alguns centímetros. Estima-se que testes com recobrimento de peças inteiras serão feitos no máximo em 2 anos. Isso significa que antes de 5 anos esse produto não estará no mercado. Mas provavelmente, num futuro não tão distante assim, mais uma bela ideia dos contos de ficção vai fazer parte do nosso cotidiano.
Fontes: Eurek Alert! e Next Nature.
P.S.: Obrigada ao L. Felipe A. por enviar o link e instigar o post.
Passando pelas sessões de pôsteres do ICAM 2009, achei algumas coisas muito interessantes.... Trago aqui para o Bala Mágica dois desses trabalhos. O primeiro é de autoria de Juliana C. Cancino - uma química muito simpática que faz doutorado em física -, juntamente com outros colaboradores (T.M. Nobre, S.S. Machado e V. Zucolotto) do Instituto de Química e do Instituto de Física da USP de São Carlos. Juliana construiu um modelo no laboratório que imita a membrana das nossas células e verificou que nanotubos de carbono podem penetrar na membrana, afetando seu empacotamento (que é a forma como ela se organiza no espaço). Cabe salientar que isso aconteceu apenas para nanotubos com determinadas características (como tamanho e tipo de superfície). Nanotubos grandes demais, por exemplo, não foram capazes de se inserir na membrana. Esse tipo de resultado pode ser uma evidência do potencial de toxicidade de nanotubos de carbono e como esse potencial pode ser minimizado alterando-se algumas das suas características.
Outro trabalho legal que vi lá é do Elias Berni – um físico que faz mestrado em biofísica – e colaboradores (V. Zucolotto e C.R. de Oliveira), do Instituto de Física da USP de São Carlos e da Embrapa Instrumentação Agropecuária. Sabe-se que tanto nanopartículas de prata quanto quitosana – uma fibra originada da carapaça de crustáceos – são capazes de impedir o crescimento de bactérias. Resumindo em poucas palavras, Elias mostrou que juntar quitosana e nanopartículas de prata num filme (que é o que chamamos de nanocompósito) tem um efeito maior na prevenção do crescimento da bactéria E. coli que aquele observado para os materiais separados somados. Esse estudo é um exemplo interessante de como é possível obter materiais muito mais eficientes devido ao emprego da nanotecnologia.
Ao meio dia de segunda-feira, estava acontecendo por lá um Lunch-Box Forum sobre desafios globais na educação, como parte das atividades da conferência. Nos banners que anunciavam o fórum, logo abaixo do título e acima da descrição das temáticas e dos palestrantes, estava escrito: “All are welcome”/”Free pizza”. Irresistível não lembrar do PhDComics nesse momento.....
Fonte: PhDComics
P.S.: Depois dos relatos do ICAM 2009, vou contar o que estará acontecendo no II EWCLiPo, direto de Arraial do Cabo-RJ. Aliás, já estou com as malas prontas para pegar a estrada ainda hoje...
Frio, chuva, céu cinzento e ventania. Coisas de Porto Alegre nessa época do ano... Só que eu não estou em Porto Alegre, mas sim no Rio de Janeiro! O motivo? Participar da Conferência Internacional sobre Materiais Avançados (ICAM 2009), que está sendo organizada pela Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat) com o apoio da International Union of Materials Research Societies (IUMRS). Essa é a primeira vez que o ICAM acontece na América do Sul. Além de reencontrar pessoas, trocar ideias e ver o que o pessoal da área está fazendo, nesse ano fiquei atenta sobre assuntos que poderiam interessar ao leitor desse blog. Por isso, dividi o post em dois, para não ficar muito cansativo.
A conferência começou no domingo, com a cerimônia de abertura. Nela estava presente o ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil, Sérgio Resende. O ministro é cientista da área de materiais, coisa que eu não sabia. O que chamou a atenção é que sua palestra começou com a citação de um comentário que ele ouviu de um amigo certa vez: “- No Brasil, para todo o lugar que eu vá há um campo de futebol e todo mundo está jogando futebol”. Nas palavras de Sérgio Resende, isso contrasta fortemente com a ausência de uma cultura de ciência no nosso país, o que acaba fazendo com que poucas pessoas sejam atraídas por ela. O ministro citou os esforços do governo para mudar esse quadro, e comentou sobre o contexto histórico da ciência no Brasil.
Não é a toa que a ciência não está presente de forma incisiva na nossa cultura – o CNPq foi criado apenas em 1951, e não havia programas de pós-graduação no Brasil antes da década de 1960. Apenas entre 2003 e 2006 o setor industrial nacional acordou para o fato de que pesquisa, desenvolvimento e inovação podem ser fontes geradoras de lucro e que a parceria entre empresas e universidades pode ser bastante estratégica. Nesse mesmo período, a comunidade científica amadureceu. Tudo isso culminou no Plano de Ação 2007-2010 para Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo investimento governamental é da ordem de 26 bilhões de dólares. Dentre as prioridades do programa, está o estímulo a pesquisa e desenvolvimento em 13 áreas estratégicas, sendo duas delas a nanotecnologia e a saúde. Foram citados números que indicam um rápido crescimento e fortalecimento da comunidade científica nacional resultante desse investimento do governo. O ministro encerrou a palestra com um desejo: "- talvez um dia venham a existir mais laboratórios no Brasil do que campos de futebol". Tomara....
(amanhã comentarei sobre alguns trabalhos de colegas que vi na conferência, especificamente sobre nanotecnologia na área da saúde – e uma ótima estratégia de marketing que funciona em todo o mundo para atrair estudantes para palestras)
Nesse estudo, fragmentos de DNA foram presos à superfície de nanopartículas de ouro cilíndricas com dois diferentes formatos: cilindros curtos ou cilindros longos. Os pesquisadores chamaram as nanopartículas cilíndricas longas de "nano-ossos" (nanobones) e as nanopartículas cilíndricas curtas de "nanocápsulas".
(crédito: Andy Wijaya, MIT)
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