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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Relatos do ICAM 2009 – parte I

Frio, chuva, céu cinzento e ventania. Coisas de Porto Alegre nessa época do ano... Só que eu não estou em Porto Alegre, mas sim no Rio de Janeiro! O motivo? Participar da Conferência Internacional sobre Materiais Avançados (ICAM 2009), que está sendo organizada pela Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat) com o apoio da International Union of Materials Research Societies (IUMRS). Essa é a primeira vez que o ICAM acontece na América do Sul. Além de reencontrar pessoas, trocar ideias e ver o que o pessoal da área está fazendo, nesse ano fiquei atenta sobre assuntos que poderiam interessar ao leitor desse blog. Por isso, dividi o post em dois, para não ficar muito cansativo.

A conferência começou no domingo, com a cerimônia de abertura. Nela estava presente o ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil, Sérgio Resende. O ministro é cientista da área de materiais, coisa que eu não sabia. O que chamou a atenção é que sua palestra começou com a citação de um comentário que ele ouviu de um amigo certa vez: “- No Brasil, para todo o lugar que eu vá há um campo de futebol e todo mundo está jogando futebol”. Nas palavras de Sérgio Resende, isso contrasta fortemente com a ausência de uma cultura de ciência no nosso país, o que acaba fazendo com que poucas pessoas sejam atraídas por ela. O ministro citou os esforços do governo para mudar esse quadro, e comentou sobre o contexto histórico da ciência no Brasil.


Não é a toa que a ciência não está presente de forma incisiva na nossa cultura – o CNPq foi criado apenas em 1951, e não havia programas de pós-graduação no Brasil antes da década de 1960. Apenas entre 2003 e 2006 o setor industrial nacional acordou para o fato de que pesquisa, desenvolvimento e inovação podem ser fontes geradoras de lucro e que a parceria entre empresas e universidades pode ser bastante estratégica. Nesse mesmo período, a comunidade científica amadureceu. Tudo isso culminou no Plano de Ação 2007-2010 para Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo investimento governamental é da ordem de 26 bilhões de dólares. Dentre as prioridades do programa, está o estímulo a pesquisa e desenvolvimento em 13 áreas estratégicas, sendo duas delas a nanotecnologia e a saúde. Foram citados números que indicam um rápido crescimento e fortalecimento da comunidade científica nacional resultante desse investimento do governo. O ministro encerrou a palestra com um desejo: "- talvez um dia venham a existir mais laboratórios no Brasil do que campos de futebol". Tomara....

(amanhã comentarei sobre alguns trabalhos de colegas que vi na conferência, especificamente sobre nanotecnologia na área da saúde – e uma ótima estratégia de marketing que funciona em todo o mundo para atrair estudantes para palestras)

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