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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Nanobiotecnologia no ENEM

Desde o início desse ano participo de um projeto de extensão universitária visando educação popular chamado Alternativa Cidadã (já comentei sobre isso aqui no blog), onde leciono química em caráter voluntário. O MEC, como sabe quem tem lido os jornais, está reestruturando a forma de entrar nas universidades e, com isso, a própria lógica do ensino médio (para melhor, na minha opinião).

A ferramenta dessa reestruturação é o novo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), cuja primeira edição ocorrerá em outubro. A ideia é extirpar a decoreba e valorizar o raciocínio e a multidisciplinaridade. O pessoal do MEC disponibilizou no site uma espécie de simulado com exemplos de questões, divididas em quatro competências ou habilidades: Ciências da natureza e suas tecnologias, Ciências humanas e suas tecnologias, Linguagens, códigos e suas tecnologias e Matemática e suas tecnologias. Química, biologia e física se inserem na primeira competência.

Qual não foi minha surpresa quando, ao analisar a prova simulada de Ciências da natureza e suas tecnologias, deparei-me com uma questão sobre nanobiotecnologia! Outras questões dessa competência trazem textos bem interessantes de revistas de divulgação científica, como a Ciência Hoje, com temas que vão da física envolvida na nossa audição até os motivos (químicos e biológicos) que justificam porque copos de poliestireno são um problema ambiental.

Pelo que pude perceber, essa reestruturação do ensino nas escolas, que o MEC está propondo com o novo ENEM, segue uma abordagem de ciência mais conectada com a realidade dos alunos - o que é uma ótima maneira de criar novos entusiastas da pesquisa científica e tecnológica no nosso país, sigam eles o caminho da academia ou do mundo corporativo. Isso só reforça o compromisso social que os cientistas tem no que se refere a divulgar ciência para o público em geral.

Os blogs científicos tem grande potencial como ferramenta desse processo. Se você é cientista (ou aspirante, como eu), pense nessa ideia - divulgue a sua área. Aproveito o gancho para divulgar o 2 encontro de blogs científicos em lingua portuguesa, que ocorrerá em Arraial do Cabo (RJ), de 25 a 27 de Setembro de 2009, com financiamento do CNPq e apoio da UFRJ e do IEAPM. Eu já me inscrevi.

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PS.: Ficou curioso sobre a questão do ENEM que envolve nanobiotecnologia? Bem, aí está ela:

A nanotecnologia está ligada à manipulação da matéria em escala nanométrica, ou seja, uma escala tão pequena quanto a de um bilionésimo do metro. Quando aplicada às ciências da vida, recebe o nome de nanobiotecnologia. No fantástico mundo da nanobiotecnologia, será possível a invenção de dispositivos ultrapequenos que, usando conhecimentos da biologia e da engenharia, permitirão examinar, manipular ou imitar os sistemas biológicos. LACAVA, Z.; MORAIS, P. Nanobiotecnologia e saúde. Com Ciência. Reportagens. Nanociência & Nanotecnologia. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano15.htm. Acesso em: 4 maio 2009.

Como exemplo da utilização dessa tecnologia na Medicina, pode-se citar a utilização de nanopartículas magnéticas (nanoimãs) em terapias contra o câncer. Considerando-se que o campo magnético não age diretamente sobre os tecidos, o uso dessa tecnologia em relação às terapias convencionais é

(A) de eficácia duvidosa, já que não é possível manipular nanopartículas para serem usadas na medicina com a tecnologia atual.
(B) vantajoso, uma vez que o campo magnético gerado por essas partículas apresenta propriedades terapêuticas associadas ao desaparecimento do câncer.
(C) desvantajoso, devido à radioatividade gerada pela movimentação de partículas magnéticas, o que, em organismos vivos, poderia causar o aparecimento de tumores.
(D) desvantajoso, porque o magnetismo está associado ao aparecimento de alguns tipos de câncer no organismo feminino como, por exemplo, o câncer de mama e o de colo de útero.
(E) vantajoso, pois se os nanoimãs forem ligados a drogas quimioterápicas, permitem que estas sejam fixadas diretamente em um tumor por meio de um campo magnético externo, diminuindo-se a chance de que áreas saudáveis sejam afetadas.

E aí? Você sabe qual é a resposta?

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9 comentários:

Fernanda Poletto disse...

Kinha,

Eu acredito no mérito - um voto por um voto não é algo que faça parte da minha política.
Além do mais, considerando que você enviou essa mensagem padronizada para os outros 99 finalistas da categoria saúde (nem olhei as outras), seu voto não tem valor. Em contrapartida, com essa estratégia, você ganha 100 votos (ou melhor, 99, pq o meu vc não ganha mesmo!). Equação sacana essa, hein?

Tatiana Nahas disse...

Iuhu! Detonou a moça-propaganda, heim!
Eu votei em vc desinteressada, num tô concorrendo não, gosto do teu blog mesmo :)
Mas eu queria mesmo era saber se vc vai divulgar a resposta da questão. Não vou falar qual eu acho que é, pq vai que erro e o Ciência na Mídia perde a credibilidade :) Mas acho que tá respondido naquele teu artigo na Ciência Hoje, certo? Vale um post explicativo!
Beijão!

Fernanda Poletto disse...

Oi, Tati!

Sempre é bom ter sua visita - e obrigada pelo voto, que vale muito :-)

Bem, vamos às alternativas:

A resposta A não pode ser - mesmo que o aluno não tenha conhecimento prévio sobre o tema, o enunciado cita que nanoímãs são utilizados na terapia contra o câncer, então é algo viável. De fato, há uma série de estudos in vivo envolvendo o emprego de nanoímãs no combate ao câncer (tais como os estudos dos professores Paulo Morais e Zulmira Lacava, da UnB).
O que não temos ainda é o emprego dessa tecnologia em larga escala, por questões de custo e estudos de toxicidade ainda em andamento.

A resposta B também não é, pois o campo magnético não age diretamente nos tecidos - ele age nas nanopartículas.

As respostas C e D não procedem, porque radioatividade não é gerada pela movimentação de nanopartículas, e se o magnetismo gerasse câncer não poderíamos viver sobre a superfície da Terra (e nem usar ímas de geladeira, hehehe).

A resposta correta é E - realmente tem se estudado a ligação de fármacos aos nanoímãs. Os nanoímãs contendo fármaco seriam direcionados para um local específico do corpo (um tumor, p. ex.) através de um campo magnético externo. O acúmulo das nanopartículas levaria consequentemente ao acúmulo do fármaco nesse mesmo local, num processo que chamamos de vetorização. Isso é vantajoso porque reduz a toxicidade do fármaco, já que ele não chegaria nos tecidos saudáveis. A vetorização de fármacos encapsulados em nanopartículas é uma das estratégias mais próximas hoje do ideal da Bala Mágica de Paul Erlich.

Bem, acho que é isso....

Abração!

Fer

Anônimo disse...

Oi Fernanda. dorei o post e o blog. Grata surpresa. Minha tese é sobre blogs científicos e fiz um estudo do anel de blogs. Sem sombra de dúvidas o teu está entre os melhores e com maior consistência em relação às linkagens.
Parabéns pelo trabalho.
Rodrigo Silva Caxias de Sousa - Doutorando PPGCOM/UFRGS

Fernanda Poletto disse...

Oi, Rodrigo

Que legal, obrigada pelo comentário.

Sucesso no seu trabalho de tese!

Abraço,

Fernanda

Rebêlo disse...

Olá, cheguei aqui depois de ler seu comentário no blog do Knight Center. Que boa notícia este post mais recente.

Fernanda Poletto disse...

Oi, Rebêlo

Pois é, não tinha como não fazer aquele comentário, hehehe. Mas Luz esclarecedora e Santo graal são piores, né?

Obrigada pela visita!

Abraço

(para quem não entendeu nada, é só dar uma olhada em http://knightcenter.utexas.edu/blog/?q=pt-br/node/4683)

Anônimo disse...

Oi Fernanda (:

adoorei o texto, até porque imprimi os simulados e estou estudando para o enem, e me ajudou a entender muito sob nanobiotecnologia ! muito legal ~~


Parabéns pelo Blog !

Thaís Ceccon | Bom Jesus do Oeste - SC

Fernanda Poletto disse...

Oi, Thaís

Que legal que foi útil pra vc! Fico feliz.

Apareça sempre

Abraço,

Fernanda

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